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Janeiro de 2009 marcou o começo de uma etapa na vida de Claudia Leitte. Às 7h52 da manhã da terça-feira 20, na sala de parto do Hospital Aliança, em Salvador, o violão havaiano de Israel Kamakawiwo tocou “Somewhere Over the Rainbow”, no momento em que a cantora dava à luz seu primeiro filho, Davi, de seu casamento com o empresário Mário Pedreira. Três semanas depois, lá estava ela em cima do trio elétrico, enfrentando uma maratona de seis horas em quatro dias seguidos de muita folia. Nem parecia que havia passado por uma cesariana: a musa do carnaval ostentava uma silhueta impecável, cantando a plenos pulmões a música “Beijar na Boca”, que se tornou o sucesso do verão, arrebatando nove dos 11 prêmios do carnaval baiano. Com esse hit, no desfile do domingo 22 de fevereiro, ela comandou um “beijaço” entre mais de 10 mil pessoas que a seguiram no trio Os Intternacionais, no circuito Barra-Ondina. Claudia queria celebrar o amor. “Estou feliz em ter contribuído para mandar essa violência para bem longe”, disse, na época.
A cena ilustra um sucesso meteórico da jovem de 29 anos que começou a carreira como vocalista do Babado Novo em 2001. Em fevereiro de 2010, ela completa dois anos numa trajetória solo que já contabiliza um disco de ouro (50 mil cópias) e uma platina dupla (60 mil cópias). A música lançada em novembro, “As Máscaras”, oscila entre o sexto e sétimo lugar entre as mais tocadas nas rádios brasileiras.
Com tantos feitos, 2009 marca a consagração da cantora que, em sua trajetória, sempre procurou manter os pés no chão. “Um monte de gente se destacou neste ano e representá- las é incrível. Presente é aquilo que você recebe ainda que não mereça e acho que talvez tenha acontecido isso comigo”, disse, ao receber a notícia de que conquistou o prêmio Personalidade do Ano na Música de Gente.
‘‘Sou uma artista, sou corajosa e tenho prazer em aprender. Por que não atuar?”
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Cláudia é modesta, mas mais do que isso, é uma mulher real, que não esconde os dramas nem cria uma vida de conto de fadas. Em maio, todo o País acompanhou seu sofrimento, quando o filho permaneceu internado durante oito dias no hospital Copa D’Or, no Rio, por conta de uma infecção bacteriana. Após o período de apreensão, Davi teve alta e desde então esbanja saúde. “Houve limites e situações neste ano que achei que jamais ultrapassaria e vivenciaria. Hoje me vejo mais forte, certa dos meus objetivos e cheia de fé porque fui desafiada e sou vitoriosa”, diz. Linda, com uma família feliz, Claudia personifica a batalha das mulheres brasileiras que, como ela, atribuem o segredo do sucesso e da felicidade ao amor. “Sempre vai dar certo por que sou uma mulher de muito amor.”
Um de seus encantos é ter uma carreira próspera, sem deixar de focar na família. Como é esse desafio?
É um desafio diário e acho que vai ser assim para sempre. Partindo do princípio de que quando você é mãe, não dorme nunca mais. Na medida em que os filhos vão crescendo, o “botão de alerta” fica cada vez mais sensível. Trabalho bastante, mas sou mãezona, canceriana típica, do tipo que quer participar de tudo. Troco fralda, dou papá, ensino a bater palma, a andar... Quero fazer tudinho, seja algo óbvio, bobo ou extremamente importante, porque sou louca por meu filho, eu o amo e não abro mão de participar de sua formação, do seu crescimento. Francamente, acho que essa preocupação é que me deixa ligadona num gemido do meu filho às 4h da manhã e isso vai se agravar com o tempo. (risos) As fraldas vão embora e a mamadeira da madrugada também, mas ele vai sair para balada e vai voltar com 2 horas de atraso e eu vou comer as unhas porque o celular dele está na caixa, então, adeus sono tranquilo para sempre, certo?
As pessoas acreditam que as artistas vivem uma rotina constante de glamour. Como é o seu dia a dia?
Por exemplo, estou em minha casa em São Paulo e ontem (terça-feira 1º), saí às 9h. Levei Davi para vacinar. Voltei para deixá-lo com a babá e minha mãe, corri para o estúdio por volta das 11h e só voltei lá pelas 2h da madrugada. Fiz uma sessão de fotos, que durou 6 horas. Depois, fui para um outro estúdio e gravei um comercial para televisão. Cheguei em casa e me desfiz das roupas, do make, tomei banho e deitei. Davi gritou no berço. Ele acordou e eu prontamente me levantei para vê-lo. Ele ficou tão excitado que se levantou para brincar um pouquinho (risos). Coloquei-o para dormir e deitei com ele na cama. Passava das 4h quando comecei a desligar as luzes que ainda piscavam “aqui dentro” (risos). Não tenho rotina porque a cada dia tenho um compromisso diferente, nunca há nada igual e Davi agora ajuda a intensificar essa turbulência que é o meu cotidiano. Ele é sempre uma surpresa.
‘‘Abriria mão de qualquer coisa, até desta coisa tão importante para mim que é cantar. A minha família é o meu amor’’
Vem aí mais um Carnaval, como está se preparando?
Fico com o meu filho e vou para o trio correndo, faço o meu show e volto para o meu filho. Meu trabalho é uma parte muito importante da minha vida, mas não é minha vida. Não consigo ficar sem cantar. Mas sou também esposa, mãe, filha, amiga e gosto disso, sabe? Abriria mão de qualquer coisa, até desta coisa tão importante para mim que é cantar, para ter isso. A minha família é o meu amor.
Quais são os planos para 2010?
Um DVD só de videoclipes que são produções independentes e ainda tem um documentário junto. Nesse mesmo trabalho, farei uma animação. E vou fazer dois curtas. Nesses filmes, não quero cantar, quero atuar mesmo, quero ousadia e quero isso sempre. Depois que a gente realiza alguns desejos e sonhos, criamos outros.
Atuar em televisão está nos seus planos?
Não pretendo deixar de ser cantora. Mas eu sou uma artista, sou corajosa e tenho prazer em aprender. Por que não atuar?
Você está preparando um documentário que revela um pouco do seu dia a dia. Como é esse projeto?
Registros que marcam uma fase muito importante da minha vida. Existem momentos lindos ali. Minha relação com os meus fãs, minha cumplicidade e meu carinho para com minha banda, minha família e meu marido. Há até uma declaração de amor explícita para ele, com direito a uma música que fiz com o nome dele quando começamos a namorar. Já pensou? Meu filho vai ver isso. Aliás, meus filhos verão. Se Deus quiser!
E o Carnaval do ano que vem?
São 60 anos de trio e quero um trio elétrico pancadão, daqueles bem grandões, sabe? Já está sendo feito um triozão cheio de parafernálias eletrônicas. Toda mistura de música que eu puder colocar eu vou fazer, mas, é claro, com a minha pegada do “axézão” da Bahia. Vou estar com um figurino que vai ser todo Flúor. O tema é Circo e as peças estão lindas, feitas pelo meu stylist Ian Aciolli.
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